Artigo – QueGel ou GelQue, uma Aliança Insólita. – Por Mário Benning

17 de maio de 2018 0 Por blogem
A política caruaruense sempre foi marcada pela passionalidade, com rivalidades históricas se materializando em disputas eleitorais acirradíssimas. Nos últimos anos, essa polarização foi corporificada de um lado, por José Queiroz e do outro com Tony Gel. Cada um deles representando uma fatia do eleitorado, e sendo os representantes locais da política nacional e da estadual.
Não foram poucas às vezes, que nessas disputas, ultrapassou-se o limite da civilidade. Deixando o campo das ideias e partindo para os ataques pessoais. Eram práticas comuns: troca de ofensas, a ridicularização do adversário, com apelidos e músicas, um verdadeiro bullyng eleitoral.
O problema dessa aliança, QueGel ou GelQue, Queiroz e Gel, sacramentada na semana passada, não foi à reaproximação em si, algo natural em política. Afinal, política não se faz com o fígado, alimentado ódios eternos; e sim com negociações, consensos, reavaliações e reaproximações.
Afinal, esse passo era natural, especulado e mais do que esperado. Pois num cenário em que o voto e a fidelidade dos eleitores aos grupos tradicionais diminui, a emersão de novos atores políticos e a oposição da máquina pública, esse último um fator que sempre desequilibra as disputas, sempre. Esses foram, certamente, alguns dos elementos avaliados e pesados por ambas as lideranças.
Portanto unir forças e tentar compartilhar os eleitores cativos era a alternativa lógica. Pois assim se mata dois coelhos com uma cajadada só! Evita-se a submersão dos grupos políticos num cenário adverso e se estrangula o aparecimento dos novos atores.
O problema é explicar, e convencer, o eleitor disso, depois de décadas de acirramento. Evitar que essa composição seja percebida e rotulada como de conveniências, ou da palavra da moda: velha política. Representando assim o que de pior há no nosso cenário eleitoral. Certamente dourar essa pílula dará um trabalho, e exigirá muito da retórica de Queiroz e Gel. Pois ambos esqueceram, no passado, uma máxima de Ulisses Guimarães: “Em política você nunca deve estar tão próximo que amanhã não possa ser adversário ou inimigo. E nem tão distante que amanhã você fique em dificuldade por ter que estar próximo”
Agora é esperar e ver a “sustância” dessa composição. Se ela se revelará sólida, ao ponto de superar as suspeitas do eleitor, ou se será mais uma a ser rompida na primeira disputa interna, como tantas outras alianças já feitas em Caruaru. Quem viver verá!
Mário Benning – Mestre em Geografia e Professor do IFPE/Caruaru