
Apatec participa de reunião da Alepe sobre restrições no Agreste
3 de junho de 2021A reunião da Comissão de Desenvolvimento Econômico desta quarta (2) contou com a participação de representantes do Polo de Confecções do Agreste. Eles apresentaram sugestões ao Governo de Pernambuco para o enfrentamento à pandemia de Covid-19, com o objetivo de reduzir os impactos sobre o setor. Os motivos que levaram o Comitê Estadual de Enfrentamento ao Coronavírus a decidir restringir atividades econômicas na região também foram abordados na ocasião.
O decreto do último dia 17 de maio – que foi prorrogado, hoje, até o dia 13 de junho – determina quarentena rígida para 65 cidades do Agreste. Nesses locais, durante toda a semana, só podem abrir as portas estabelecimentos autorizados. Segundo a secretária-executiva de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Ana Paula Vilaça, o sinal de alerta foi despertado após o salto nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag), naquela área, a partir de abril. De 129 registros na primeira semana de março, o número subiu para 430 entre os dias 9 e 15 de maio.
No mesmo período, a solicitação de leitos de UTI cresceu de 122 para 365. “O patamar que a gente atingiu neste ano é extremamente superior ao que vivemos em 2020. Chegamos a um pico que provocou uma fila por vagas, o que queríamos evitar”, disse. Ela enfatizou a abertura, pelo Estado, de 600 leitos em unidades de terapia intensiva para Covid-19. “Sem essa iniciativa, Pernambuco vivenciaria um colapso, principalmente no Agreste”, assegurou.
A taxa de ocupação de leitos de UTI no Estado é de 99,5%. Ainda de acordo com a gestora, espera-se uma melhora no quadro a partir de junho, diante do avanço da vacinação e das medidas restritivas adotadas. Até ontem, 2,7 milhões de doses de imunizantes foram aplicadas (1,8 milhão para a primeira dose, e 931 mil para a segunda). Como resultado, já houve uma redução de 38%, nos últimos 30 dias, em novas internações em UTI de pacientes com mais de 60 anos.
“As medidas restritivas causam grande impacto econômico e afetam também o Governo, pois reduzem a arrecadação. A gente vem tentando dialogar e apoiar os setores econômicos por meio de linhas de crédito e prorrogação de impostos. É uma missão difícil, para garantir o atendimento no sistema público de saúde”, acentuou Ana Paula Vilaça.
Setor produtivo
Conselheiro da Associação Comercial e Empresarial (Acic) de Caruaru, Luverson Ferreira sugeriu que essas ações não sejam concentradas apenas em uma região. Também propôs o escalonamento dos horários das atividades econômicas. Afirmou, ainda, que shopping centers poderiam funcionar, pois cumprem todas as medidas sanitárias necessárias. “É uma região de alta informalidade, mas, no final das contas, apenas o setor formal fica fechado. Em 2020, ficamos 60 dias fechados sem motivo técnico que justificasse”, acredita.
O presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio (Sindloja) de Caruaru, Manoel Santos, cobrou mais integração do Estado com as prefeituras e a sociedade para a adoção de planos regionais preventivos. “As pessoas não estão dando sua contribuição, que é fazer distanciamento social e usar máscaras”, enfatizou. “Estamos fechando estabelecimentos que cumprem protocolos e deixamos abertos os que não cumprem”, agregou o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Caruaru, Adjar Soares.
O diretor da Associação Comercial e Industrial de Toritama (Acit), Antônio Manzarra, e o presidente da Associação Empresarial de Santa Cruz do Capibaribe (Ascap), Josivan Oliveira, defenderam que a vacinação no Agreste seja reforçada. Síndico do Moda Center de Santa Cruz do Capibaribe, João Gomes Filho lembrou que outros polos têxteis concorrentes, como os de Fortaleza (CE), Goiânia (GO) e São Paulo (SP), estão em funcionamento.
João Cândido da Costa Filho, da Associação Pernambucana de Atacadistas de Tecidos, Artigos de Armarinho e Confecções (Apatec), disse que 300 mil pessoas no Agreste sobrevivem diretamente da confecção. Também participaram do encontro virtual representantes da Associação dos Sulanqueiros de Caruaru e do Parque das Feiras de Toritama. Após ouvir as sugestões, a secretária-executiva ressaltou que o plano de convivência pode ser revisto, conforme o quadro epidemiológico, e propôs uma nova reunião na próxima semana.
O presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, deputado Delegado Erick Lessa (PP), fez um apelo para que as demandas sejam consideradas pelo Governo do Estado. “Claro que queríamos que as atividades econômicas fossem retomadas já no dia 7 de junho”, pontuou. “Lembro, mais uma vez, que os trabalhos no Polo de Confecções são concentrados em oito horas em apenas um dia da semana”, reforçou o parlamentar.
Pandemia: Desenvolvimento Econômico debate restrições no Agreste