
Junho Violeta: ceratocone pode ser detectado na consulta de rotina
11 de junho de 2025Se você costuma coçar os olhos com frequência, deve ficar atento. O hábito pode gerar lesões na córnea e causar o surgimento do ceratocone, doença ocular que é a principal causa de transplantes de córnea no mundo. Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), o problema atinge uma a cada 2 mil pessoas no Brasil, e, por ano, afeta cerca de 150 mil brasileiros. O Junho Violeta é dedicado a conscientizar a população sobre a doença, que tem diagnóstico relativamente simples. Muitas vezes, o médico pode suspeitar de ceratocone já na consulta de rotina e solicitar exames modernos para confirmar o diagnóstico.
“O ceratocone é uma ectasia da córnea, isto é, uma deformidade na córnea em formato de cone, pontudo, protuso. A causa é multifatorial, como fatores familiares, genéticos e pessoais. Ao notar alterações visuais ou em casos de alergia ocular persistente, é importante que a pessoa procure um oftalmologista. Durante a consulta, se o médico suspeitar de ceratocone, ele já pode solicitar exames específicos e modernos que avaliam a curvatura da córnea com alta precisão”, explica a oftalmologista Carolina Lessa, do Hospital de Olhos Santa Luzia. Essa alteração afeta diretamente a visão, provocando distorção, sensibilidade à luz, e dificuldade em definir objetos próximos e distantes.
Embora a causa exata do ceratocone ainda não seja completamente conhecida, fatores genéticos e ambientais podem favorecer o surgimento da doença. Além do hábito de coçar os olhos, o uso inadequado de lentes de contato pode contribuir para a progressão do ceratocone, por exemplo.
“O paciente alérgico coça os olhos com bastante frequência. Geralmente, o paciente banaliza o ato de coçar, que já se tornou parte do cotidiano. Acontece que a alergia ocular mal controlada e o prurido crônico tornam este indivíduo um candidato a esta doença uma vez que a fricção frequente da córnea causa fragilidade local que leva a deformidade desse tecido”, alerta a oftalmologista Carolina Lessa.
“Em primeiro lugar vem a prevenção. Orientamos que não devemos coçar os olhos, tratar a alergia ocular. Diante da doença, o diagnóstico precoce é fundamental para a qualidade de visão a longo prazo”, afirma a oftalmologista Carolina Lessa.
Para casos onde o paciente já tem a doença, o tratamento varia de acordo com a gravidade. “Inicialmente, se avalia a progressão e a necessidade de Crosslinking – uma espécie de luz para tornar a córnea mais firme. Também é possível dar qualidade visual ao paciente através de óculos, lentes de contato especiais, aneis intra-estromais e, em casos mais avançados, transplante de córnea”, finaliza a oftalmologista Carolina Lessa.