Maio Verde alerta para o glaucoma, principal causa de cegueira irreversível no Brasil

Campanha nacional reforça a importância do diagnóstico precoce e do tratamento contínuo para evitar a perda permanente da visão

O glaucoma é a doença considerada a principal causa de cegueira irreversível no país e no mundo, atingindo mais de 1,7 milhão de brasileiros. A iniciativa do Maio Verde, campanha nacional dedicada à conscientização sobre o glaucoma, instituída pela Lei nº 10.456/2002, visa destacar a importância de políticas públicas de  prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado para conter o avanço da enfermidade.

Apesar de poder surgir em qualquer fase da vida, o glaucoma é mais comum a partir dos 40 anos e se agrava com o envelhecimento. Dados recentes apontam que a doença atinge mais de 6% da população acima dos 70 anos, tem maior incidência em pessoas negras (pretas e pardas), cuja prevalência chega a 3,8%, frente a 2,1% entre pessoas brancas.

De acordo com o oftalmologista Dr. Natanael Figueiroa, do Hospital Santa Luzia, com o avançar da idade, “a prevalência vai aumentando, a incidência vai avançando”. “A maioria dos casos são glaucomas mais leves que, se tratados nesse estágio, não evoluem para uma situação agressiva”, afirmou ele, em entrevista à CBN. O especialista destaca que a identificação precoce da doença permite um controle eficaz e evita danos irreversíveis à visão.

O glaucoma crônico evolui de forma silenciosa e progressiva, sem sintomas perceptíveis nas fases iniciais. Já o glaucoma agudo pode causar dores. Quando não tratado, pode levar à perda total da visão. Por isso, o exame oftalmológico regular é a principal arma contra o avanço da doença, especialmente entre grupos de risco.

Entre 2014 e 2024, foram registradas 65.122 internações por glaucoma no Brasil, com os maiores picos concentrados nos anos de 2022, 2023 e 2024. A Região Sudeste respondeu por 47,9% dos casos, seguida pelo Nordeste, com 22,6%, reforçando a urgência de ampliar o acesso à informação, aos exames e ao tratamento.

Dr. Natanael Figueiroa também chama atenção para os desafios no tratamento contínuo da doença. “Hoje temos diversas alternativas de medicamentos, mas são tratamentos que superam a faixa dos 100 reais. Se pensarmos que o paciente pode precisar usar o colírio pelo resto da vida, isso dificulta a adesão à medicação”, explica.

O oftalmologista ressalta que o glaucoma apresenta sintomas apenas em fases mais avançadas, o que faz com que muitos pacientes descubram a doença em consultas de rotina, ainda sem qualquer queixa visual. Por isso, quem não realiza exames oftalmológicos preventivos corre o risco de receber o diagnóstico tardiamente, quando os danos à visão já são mais difíceis de controlar. “Entre o custo, os efeitos colaterais locais e a ausência de sintomas, a adesão se torna um desafio, o que exige buscar alternativas, como lasers, para suprir esse déficit”, completou o oftalmologista.

O Maio Verde é uma oportunidade estratégica para reforçar o compromisso com a saúde ocular da população e ampliar o alcance de informações fundamentais que podem salvar a visão de milhares de brasileiros.
Seja seguidor do Instagram do Blog pelo @blogdoedvaldomagalhaes
Foto: Getty Imagens/Divulgação