Morre mestre da xilogravura J. Borges, Patrimônio de Pernambuco

Nascido na cidade de Bezerros, Borges escutava histórias de ninar de seu pai agricultor, assim se apaixonando pela poesia rítmica dos cordéis. Nasceu na zona rural da cidade, em um sítio chamado Piroca. O cordel é um tipo de literatura impressa em folhetos, que conta histórias reais e fantásticas através da poesia. “O cordel nasceu em mim quando criança. Eu me divertia muito ouvindo meu pai lendo os folhetos que ele trazia da feira. A imaginação da gente corria solta.” – José Francisco Borges.

Por conta da grande seca de 1952, que afetou os estados do Nordeste, Borges se mudou para a Zona da Mata, junto de sua família, com seus 17 anos. Viveu durante 15 anos entre os municípios de Escada e Ribeirão, em Pernambuco.

Passou por muitas profissões, como artesão, oleiro, carpinteiro, pintor de parede, mas encontrou a verdadeira felicidade em 1956 aos 21 anos, quando decidiu ser vendedor de cordéis (folheteiro), divulgando a literatura popular pelas praças e feiras públicas em seu estado de origem e estados vizinhos. Em 1964, por estímulo de um amigo poeta chamado Olegário Fernandes, escreveu o seu primeiro cordel original: O Encontro de Dois Vaqueiros no Sertão de Petrolina, com capa ilustrada pelo mestre cordelista e xilogravurista Dila (José Soares da Silva). A xilogravura é uma técnica datada da idade média, onde o artista talha o desenho na madeira e a partir dela, da matriz, com a utilização de tinta, o desenho esculpido é marcado no papel, como um carimbo. Borges viria a se tornar um dos mestres dessa técnica.

Também por incentivo de seu amigo, passou a ilustrar as próprias capas, escrevendo e ilustrando o cordel O Verdadeiro Aviso de Frei Damião. Grandes artistas e autores, como Ariano Suassuna, encomendaram xilogravuras de Borges e escreveram sobre ele, mostrando sua obra amplamente pelo Brasil, A partir disso, nunca mais deixou de fazer sucesso, viajando para múltiplos países pelo mundo, notavelmente para Cuba em 1997, para participar do festival de cultura caribenha por 12 dias.
Texto por Paulo Lorenzo Villela

Governadora Raquel Lyra decreta luto pelo falecimento do artista pernambucano J. Borges

O Governo do Estado decretou luto oficial de três dias pela morte do artista pernambucano J. Borges. Pintor, poeta, cordelista e xilogravurista, J. Borges levou a cultura pernambucana ao mundo, sendo reconhecido internacionalmente ao receber a comenda da Ordem do Mérito Cultural, entregue pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O luto foi oficializado nesta sexta-feira (26) em edição extra do Diário Oficial.

“J. Borges foi um herói que levou Bezerros, o Agreste e Pernambuco para o mundo. E vai deixar uma saudade imensa. Mas a sua grandiosidade permanecerá aqui pelas mãos de seus filhos, discípulos e centenas de xilogravuras que representam tão bem a nossa cultura. Meus pêsames aos familiares e amigos”, declarou a governadora Raquel Lyra.

NOTA DE PESAR

J. Borges levou Bezerros, o Agreste e Pernambuco para o mundo. E vai deixar uma saudade imensa. Mas a sua grandiosidade permanecerá aqui pelas mãos de seus filhos, discípulos e centenas de xilogravuras que representam tão bem a nossa cultura. Meus pêsames aos familiares e amigos.

Raquel Lyra
Governadora de Pernambuco

Nota de pesar

Foi com profunda tristeza que recebi a notícia da partida do mestre da xilogravura, J. Borges. Sua arte faz parte do imaginário pernambucano, encantando a todos que a conhecem, ilustrou o nosso São João no ano de 2019 e tantos outros momentos especiais. Neste momento de tristeza, me solidarizo com a sua família e amigos, pedindo a Deus que conforte os seus corações.

Fica a saudade e a certeza de que seu legado será sempre preservado. Descanse em paz!

Rodrigo Pinheiro
_Prefeito de Caruaru_