Oito em cada 10 crianças com Síndrome de Down sofrem de problemas no ouvido
28 de março de 2024Cerca de 80 a 90% das crianças com Síndrome de Downapresentam problemas na região dos ouvidos, como otites e outras infecções na orelha, segundo dados da Organização Interamericana de Otorrinolaringologia Pediátrica (IAPO). Perda auditiva, dificuldade em articular sons e entender a fala são outros problemas que podem aparecer em quem tem a síndrome.
No Brasil, uma a cada 700 crianças nascidas tem a condição. No dia 21 de março é comemorado o Dia Internacional da Síndrome de Down, data que representa a singularidade da triplicação do cromossomo 21 (trissomia) que causa esta ocorrência genética. “A criança pode apresentar apneia dosono, otite de repetição ou otite secretora e rinite alérgica”, explica a otorrinolaringologista Débora Bunzen, do Hospital Santa Luzia.
Indivíduos com Síndrome de Down são mais propensos a distúrbios do sono. “Sobre a apneia do sono, a criança com Síndrome de Down tem maior facilidade de roncar e ter hipóxia (baixa oxigenação no sangue) durante a noite, por conta de alterações anatômicas da própria síndrome.”, afirma a otorrinolaringologista Débora Bunzen. Esses distúrbios podem ter um impacto significativo na qualidade de vida, causando fadiga, irritabilidade e problemas de saúde a longo prazo.
“Essas crianças são hipersecretoras, ou seja, durante os episódios de gripe e resfriado, elas produzem mais secreção do que o esperado, por isso são mais propensas a evoluírem com sinusite e otite. A secreção nasal também pode ir para o ouvido e causar otite secretora. A rinite alérgica também é bem prevalente”, alerta a otorrinolaringologista Débora Bunzen.
Outra área atingida pela condição é a audição. A perda auditiva é comum, por conta de anomalias no desenvolvimento da orelha interna e média. Isso pode afetar a capacidade de entender a fala, aprender e se comunicar.
Muitas crianças com Síndrome de Down enfrentam problemas na fala devido a diferenças anatômicas na boca, mandíbula e língua. As alterações podem resultar em dificuldades na articulação de sons, vocabulário limitado e padrões de fala incomuns. Também podem apresentar distúrbios na deglutição com maior risco de engasgos. “Elas têm macroglossia (língua maior do que o normal), hipotonia muscular, e desde o nascimento, apresentam a via aérea mais estreita. Essas e outras alterações cranio-faciais favorecem distúrbios como a apneia do sono e a disfagia”, finaliza a otorrinolaringologista Débora Bunzen.