
Padre Airton Freire da Fundação Terra é preso, em Arcoverde
14 de julho de 2023A polícia prendeu o padre Airton Freire, de 66 anos, criador da Fundação Terra, neste sexta-feira (14). O sacerdote é investigado por envolvimento em crime de estupro. A polícia foi cumprir mandados de busca e apreensão na Fundação Terra, unidade do povoado Malhada, em Arcoverde, mas o padre não estava no momento, porém, o padre se apresentou na delegacia de Arcoverde.
Entenda
A personal stylist Silvia Tavares de Souza denunciou o padre Airton Freire de ter participado de um estupro contra ela em agosto de 2022, na propriedade da Fundação Terra. Segundo ela, o estupro foi praticado a mando do padre, pelo motorista dele, de nome Jailson Leonardo da Silva, de 46 anos.
Sílvia Tavares afirmou na polícia, que frequentava retiros espirituais organizados pelo padre desde 2019, na Fazenda Malhada, em Arcoverde, no Sertão de Pernambuco, e que participou de, pelo menos, 25 desses eventos religiosos. Os dois teriam se conhecido quando ela buscou a ajuda dele para tratar uma depressão.
O caso corre em segredo de Justiça e é investigado pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e pela Polícia Civil, que receberam a denúncia em novembro e dezembro de 2022, respectivamente.
O padre “nega a prática de qualquer ato ilícito e reafirma inocência” lamentando “ter sido alvo de acusações infundadas e injustas e já constituiu advogados para exercer sua defesa”, e considera “que o afastamento determinado pela Diocese de Pesqueira permitirá que as apurações transcorram com toda a tranquilidade necessária para que se apure a verdade sobre os fatos”.
Nota do Ministério Público
O Ministério Público do Estado de Pernambuco tem feito exame criterioso dos elementos de prova até então colhidos e pauta-se pelas normas internas e internacionais inseridas no sistema jurídico pátrio, preocupado principalmente com os direitos humanos e com as medidas necessárias para resguardar e evitar revitimizações das vítimas que buscaram o aparato estatal para relatarem violências sexuais que estão sob investigação.
A adoção de medidas cautelares em procedimentos dessa natureza, especialmente com a elucidação de mais de um caso, na visão do Ministério Público, acolhida pelo Poder Judiciário, mostra-se necessária para garantir a continuidade do trabalho investigativo da Polícia, que está sendo acompanhado pelo MPPE; afastar os riscos de reiteração delitiva; bem como assegurar proteção às vítimas que procuraram o Estado para relatarem fatos criminosos contra suas dignidades sexuais.
A Promotoria de Justiça da Comarca de Buíque acrescenta que, no momento, há cinco inquéritos policiais instaurados, em razão da identificação de outras vítimas. Considerando a importância de uma análise célere e substancial de todos os fatos, a Procuradoria-Geral de Justiça designou mais três membros do Ministério Público para atuarem no caso.
No mais, o Ministério Público mantém o acompanhamento das investigações a cargo da Polícia Civil. Por se tratar de inquéritos sigilosos, não serão divulgadas, no momento, mais informações sobre o caso.