
Após vídeo de Tiago Leifert, pais acendem sinal de alerta em relação à saúde dos olhos dos filhos
31 de março de 2022Passados dois meses da publicação do vídeo pelo apresentador Tiago Leifert sobre o câncer da filha Lua (retinoblastoma), de 1 ano, a oftalmologista do Hospital de Olhos Santa Luzia Patrícia Rêgo tem notado uma mudança de comportamento dos pais com relação sobre a doença. “Percebemos que houve um aumento nos questionamentos sobre o retinoblastoma durante os atendimentos e uma maior procura de pacientes que estavam atrasados nas consultas de retorno”, conta ela.
A doença, que atinge cerca de 6 mil crianças por ano no mundo, é o tumor intraocular maligno primário mais comum no público infantil, de acordo com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP).
A oftalmologista elogiou a atitude do apresentador e da esposa. “Acendeu um alerta sobre o retinoblastoma e nos ajuda a conscientizar muitos pais”, diz. Ela ainda crê que essa maior preocupação com o retinoblastoma pode continuar. “Vez ou outra ainda tocam no assunto, então acredito que sim”, afirma.
O retinoblastoma se desenvolve quando há uma anormalidade genética no cromossomo número 13. Os cromossomos contêm os códigos genéticos que controlam o crescimento e o desenvolvimento das células. O gene do retinoblastoma codifica uma proteína vital para regular o crescimento celular. Noventa por cento dos casos são esporádicos e se desenvolvem sem aviso prévio. Apenas 10% ocorrem quando um membro da família com retinoblastoma. E 40% das crianças com retinoblastoma têm uma forma genética herdada do tumor, mesmo que ninguém mais na família tenha o problema.
Teste do reflexo vermelho
Originário das células da retina, o retinoblastoma pode ocorrer em um olho (unilateral) ou em ambos (bilateral) e geralmente aparece em crianças com menos de 5 anos de idade. O tumor pode causar uma alteração do reflexo vermelho dos olhos observado em fotografias ou no teste do reflexo vermelho. Caso seja detectado um reflexo vermelho anormal, a criança deve ser encaminhada imediatamente a um oftalmologista. Algumas crianças com retinoblastoma podem apresentar estrabismo.
Tratamento
O tratamento do retinoblastoma varia de acordo com cada caso e pode atingir uma taxa de cura superior a 95%. São levados em conta fatores como lateralidade, localização do tumor primário, tamanho do tumor primário, presença de disseminação além do olho (por exemplo, metástases) e prognóstico visual estimado. O tratamento pode envolver quimioterapia, terapia focal e cirurgia (remoção ocular quando necessário).
Data especial dedicada ao combate da doença
A importância do combate ao retinoblastoma foi inclusive reconhecida por lei pelo governo brasileiro. O dia 18 de setembro é o Dia Nacional de Conscientização e Incentivo ao Diagnóstico Precoce do Retinoblastoma. A data, instituída pela Lei nº 12.637/2.012, pretende alertar e conscientizar para os sinais da doença.
Foto da oftalmologista Patrícia Rego, do Hospital de Olhos Santa Luzia