Biópsia mamária guiada por ressonância magnética facilita diagnóstico
24 de setembro de 2021Método mais sensível para a detecção do câncer invasivo, a ressonância magnética tem sido cada vez mais indicada na investigação de lesões. Assim como a mamografia e a ultrassonografia, é um dos exames utilizados para avaliação das mamas. Entre as diferenças, porém, estão a ausência de radiação e a utilização do contraste venoso, permitindo maior exatidão e aumentando a detecção de lesões. A partir deste mês de outubro, mulheres residentes em Pernambuco e de estados vizinhos que fizerem ressonância magnética como exame das mamas, podem, caso uma lesão seja detectada, passar por uma biópsia guiada pelo método. Antes, o estado só contava com biópsias dirigidas por ultrassom ou mamografia. O serviço pioneiro está sendo oferecido pelo Centro Diagnóstico Lucilo Ávila.
De acordo com a radiologista Mariana Falcão, o exame é feito no aparelho de ressonância, com a paciente posicionada dentro de um tubo, em decúbito ventral e com as mamas pendentes, sem compressão das mesmas. O procedimento dura em torno de 20 a 30 minutos. “Para um estudo eficaz na avaliação do tecido mamário, deve ser realizado injetando-se o contraste na veia, que permite detectar áreas ou lesões mais ativas, ou seja, aquelas que podem representar tumores muito iniciais ou mesmo lesões pré-cancerígenas, que acabam sendo visualizadas apenas na ressonância nesse estágio precoce”, explica.
Caso, na ressonância, se encontre uma lesão suspeita que apareça somente nesse tipo de investigação – e que não seja identificada em exames de ultrassom ou mamografia -, a paciente precisa realizar uma biópsia guiada por ressonância para determinar o diagnóstico histológico e confirmar a natureza da lesão. Até o presente momento, as mulheres de Pernambuco que precisassem desse tipo de procedimento tinham que viajar para as outras localidades do país, como São Paulo e Distrito Federal. “Sentimos cada vez mais a necessidade de iniciar esse tipo de biópsia aqui pela falta diagnóstica que havia para essas mulheres que, ao detectar uma alteração suspeita vista apenas na ressonância, ficavam de mãos atadas sem ter como prosseguir a investigação da lesão em Pernambuco”, afirma a médica.
A forma de coletar fragmentos de uma lesão na ressonância é por meio da biópsia a vácuo (popularmente conhecida como mamotomia), que também pode ser realizada guiada por ultrassom e mamografia. A diferença é que será feita na sala de ressonância, com equipamentos especiais para entrar nesta área, que possui alto campo eletromagnético, sendo fundamental também que todos os profissionais envolvidos sejam bem treinados e experientes. A mamotomia é um tipo de biópsia em que se consegue retirar uma amostra precisa da lesão, sob o uso de anestesia local e sem a necessidade de internamento. “A mamotomia consegue ainda remover completamente lesões pequenas, podendo evitar, em alguns casos, a necessidade de um procedimento cirúrgico posterior”, explica. O material colhido é enviado para análise histopatológica. O resultado da análise normalmente é obtido de dois a sete dias.
Outubro Rosa
Movimento internacional de conscientização para o controle do câncer de mama, o Outubro Rosa foi criado no início da década de 1990 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure. É celebrado anualmente, com o objetivo de compartilhar informações e promover a conscientização sobre a doença; proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento e contribuir para a redução da mortalidade. No Brasil, o INCA (Instituto Nacional de Câncer) estima que 66.280 da doença serão registrados em 2021.
SAIBA MAIS
A ressonância das mamas é indicada para…
– Rastreamento de câncer nas mulheres que possuem fatores de risco
-Planejamento do tratamento cirúrgico nas mulheres com diagnóstico de câncer de mama
-Verificar a evolução do câncer nas pacientes que precisaram iniciar o tratamento com quimioterapia antes da cirurgia (tratamento neoadjuvante)
-Esclarecer dúvidas na investigação diagnóstica de lesões mamárias ou de achados clínicos anormais, principalmente quando a mamografia e/ou a ultrassonografia foram inconclusivas.
Histórico de câncer de mama e/ou ovário em parentes de primeiro grau, portadoras de mutações genéticas, antecedente de irradiação no tórax antes dos 30 anos, passado de câncer de mama ou ter apresentado diagnóstico prévio de lesão precursora de risco nas mamas. Nesses casos, a ressonância magnética pode ser alternada com a mamografia e a ultrassonografia, de forma individualizada para cada mulher, devendo ser orientado pelo médico especialista.