Nota de Repúdio Sobre a Venda do Terreno da Ame Animal pela Prefeitura de Caruaru

Nota de Repúdio Sobre a Venda do Terreno da Ame Animal pela Prefeitura de Caruaru

24 de agosto de 2021 0 Por blogem

Nota de Repúdio Sobre a Venda do Terreno da Ame Animal pela Prefeitura de Caruaru.

Através deste documento, expressamos nosso total repúdio à decisão da Prefeitura de Caruaru, de disponibilizar o terreno da AME ANIMAL, fruto da luta dos movimentos de proteção animal desta cidade, para venda. Defendemos a permanência dos serviços naquele espaço, onde há possibilidade de expansão, pois o terreno foi uma doação para que ali se desenvolvessem ações de políticas públicas de proteção animal, luta que nos trouxe aqui e agora viverá total incerteza de sua permanência.
Nós, protetores desta cidade, envidamos desde o Governo do ex- Prefeito José Queiroz de Lima, através do Ministério Público, negociações para que este município tenha políticas de proteção animal. No Governo da Sra. Raquel Lyra, ficamos por muito tempo com o espaço da clínica pública fechado, após reforma foi reaberto ao público e compreendemos que todo o terreno da AME Animal, e não apenas a clínica, como patrimônio de proteção animal que precisa de melhoras e ampliação.
Não concordamos com a ideia da retirada da AME ANIMAL para outro espaço, haja vista que aquele local foi doado para esta finalidade e é um prédio próprio, não fazendo sentido sua retirada para um imóvel alugado, além de se colocar um patrimônio doado para a causa animal para a venda. Também não sabemos nem mesmo qual será o espaço de destino das atividades que hoje são realizadas no local, como o abrigo dos animais resgatados pelo órgão.
Vivemos em uma cidade em que o acervo da biblioteca pública está há anos sem destino por falta de espaço e de compromisso político, imagine o destino dos animais que possuem seu espaço, fruto de tantas lutas e conflitos vivenciados, e o pior sem uma conversa ou consulta à sociedade ou grupos de defesa da causa animal.
Ao contrário, deve a Prefeitura de Caruaru melhorar a acessibilidade, a mobilidade e a segurança, pois em um prédio alugado, podemos ter a descontinuidade de políticas públicas, e os direitos dos animais necessitam ser pensados não só para o agora mas também para os anos seguintes. Sem seup rédio próprio a AME ANIMAL poderá ser engolida por outros setores da administração pública e o risco de retrocessos é imenso.

Temos vivenciado tempos autoritários, de decisões unilaterais que desrespeitam a história dos movimentos sociais que nos trouxeram até aqui, uma gestão arbitrária e conservadora que trata a vida animal como um simples problema de burocracia e está longe de reconhecer a importância da participação cidadã na superação da barbárie e na construção de uma cidade democrática.
Através deste documento repudiamos a venda do terreno da AME ANIMAL e defendemos as melhorias para ampliação do espaço, da sua infraestrutura, para que Caruaru de fato possa realizar no terreno doado para aquele fim, não apenas a clínica de atendimento veterinário, mas ações educativas, oficinas, abrigos, cursos e, acima de tudo, que os grupos de proteção animal possam efetivamente acompanhar as ações governamentais naquele espaço, o que não acontece ainda. Esperamos que a sociedade caruaruense rejeite, repudie este ataque aos direitos dos animais que através daquela doação puderem ter um espaço para que políticas públicas de proteção, acolhimento e cuidados pudessem ser realizados.
Também esperamos que as autoridades dessa cidade não compactuem, nem se omitam, com esta violação aos direitos dos animais. Não se pode desalojar um espaço próprio e colocar em forma de intenção o futuro da pauta animal.
Será comprado outro terreno? Onde funcionará? E o Espaço de acolhimentos dos animais retirados da situação de rua? Como vender o terreno seu ter em mãos já o plano de destino para espaço próprio, e não alugado, dos canis e da clinica de atendimento a população? Este projeto deixa muitos vazios a serem respondidos no futuro, e o futuro vira uma promessa política, futuro que pode nos trazer incertezas, em um país em que direitos são violados cotidianamente.
Sem a clareza do futuro das políticas públicas da causa animal, consideramos total falta de sensibilidade o que a gestão municipal propõe, sem apresentar junto com seu projeto de lei a solução imediata para o problema que cria para a pauta animal. O que não pode ser apenas ideias, mas o projeto de acomodação em espaço próprio o que pretende concretamente fazer.

Na certeza de que o bom senso prevaleça e que este ataque aos direitos dos animais se encerre, assinamos esta nota de repúdio.
● Ana Maria de Barros do Movimento de proteção animal Pets no Campus;
● Advogado Carlos Henrique Lopes França;
● Advogado Gilvan Florêncio;
● Advogado João Ferreira de Souza Junior – OAB/PE. 11520;
● Roberta Flavia Ramos Fontes, Presidente da UDERVA União defesas e respeito à vida animal;
● Daniel Santos, Instituto Quatro pastas;
● Rossana, Grupo Coração de Patas;
● Sivonaldo Nunes de Araújo CPF 03122984474 – Artista plástico, Ambientalista e defensor dos animais;
● Gláucia Catarine Campos Gomes, CPF 01957793554 – Professora, Ambientalista, arte educadora, defensora dos animais;
● Edinilda Fernandes, Ex. presidente da UDERVA;
● Elizabete Cristina Rabelo de Araújo, Ambientalista Especialista em Direito Ambiental Pesquisadora e Mestre em Direitos Humanos pela UFPE – Linha de Pesquisa : Direitos Humanos, Processos Identitários, Alteridade e Movimentos Sociais, Professora Universitária;
● Fagner Fernandes – Protetor dos Animais, Vereador de Caruaru, Membro da Comissão Permanente de Proteção e Defesa dos Direitos dos Animais na Câmara de Vereadores.