
Mesmo com retomada de diversos setores indicadores da pandemia registra queda progressiva em Pernambuco
11 de setembro de 2020A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) registrou, nesta sexta-feira (11.09), 1.024 novos casos da Covid-19. Entre os confirmados hoje, apenas 39 (4%) são casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e os outros 985 (96%) são leves, ou seja, pacientes que não demandaram internamento hospitalar. Agora, Pernambuco totaliza 135.643 casos confirmados, sendo 25.730 graves e 109.913 leves.
Além disso, o boletim registra um total de 117.349 pacientes recuperados da doença. Destes, 15.280 eram pacientes graves, que necessitaram de internamento hospitalar, e 102.069 eram casos leves.
Os casos graves confirmados da doença estão distribuídos por todos os 184 municípios pernambucanos, além do arquipélago de Fernando de Noronha.
Também foram confirmados laboratorialmente 25 óbitos (sendo 16 do sexo masculino e 9 do sexo feminino). Os novos óbitos confirmados são de pessoas residentes nos municípios de Afogados da Ingazeira (1), Altinho (1), Brejo da Madre de Deus (1), Cabo de Santo Agostinho (2), Camaragibe (1), Camutanga (2), Caruaru (3), Floresta (1), Garanhuns (1), Igarassu (1), Jaboatão dos Guararapes (1), Lagoa do Carro (1), Lagoa do Ouro (1), Macaparana (1), Petrolândia (1), Petrolina (1), Recife (3), Santa Maria da Boa Vista (1) e Toritama (1). Com isso, o Estado totaliza 7.817 mortes pela doença.
As mortes registradas no boletim de hoje ocorreram entre 8 de maio e 10 de setembro. Do total de mortes do informe de hoje, 11 (44%) ocorreram nos últimos 3 dias, sendo 2 registradas no dia de ontem (quinta, 10/09), 2 em 09/09 e 7 em 08/09. Os outros 14 registros (56%) ocorreram entre os dias 08/05 e 07/09.
Os pacientes tinham idades entre 36 e 94 anos. As faixas etárias são: 30 a 39 (1), 40 a 49 (1), 50 a 59 (3), 60 a 69 (6), 70 a 79 (7), 80 anos ou mais (7).
Dos 25 pacientes que vieram a óbito, 20 apresentavam comorbidades confirmadas: doença cardiovascular (10), hipertensão (10), diabetes (8), doença respiratória (3), câncer (2), doença renal (2), tabagismo/histórico de tabagismo (2), doença hepática (1) e dislipidemia (1) – um paciente pode ter mais de uma comorbidade. Um não tinha doenças pré-existentes confirmadas e os demais estão em investigação.
Com relação à testagem dos profissionais de saúde com sintomas de gripe, em Pernambuco, até agora, 21.216 casos foram confirmados e 34.552 descartados. As testagens entre os trabalhadores do setor abrangem os profissionais de todas as unidades de saúde, sejam da rede pública (estadual e municipal) ou privada. O Governo de Pernambuco foi o primeiro do país a criar um protocolo para testar e afastar os profissionais da área da saúde com sintomas gripais.
BALANÇO DOS SEIS MESES – O Estado de Pernambuco completa, neste sábado (12.09), seis meses da confirmação dos dois primeiros casos da Covid-19. Em entrevista coletiva online, o secretário estadual de Saúde, André Longo, fez um balanço das ações da gestão estadual no período e recebeu o epidemiologista e ex-secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson Oliveira, referência nacional na área, que apresentou estudo sobre a evolução da doença no Estado. Após o período de aceleração da pandemia, em abril, e o pico da doença em maio, os principais indicadores vêm registrando uma queda que tem, inclusive, se acentuado ao longo das últimas duas semanas.
“Mesmo com a retomada de diversos setores dentro do Plano de Convivência com a Covid-19, os indicadores da pandemia vêm registrando uma queda progressiva, que é claramente sentida na rede hospitalar. Os leitos dedicados à doença, que viveram em maio e junho momentos de muita tensão e constante ocupação, observam uma tendência de diminuição permanente das solicitações, alcançando patamares de ocupação de antes da aceleração da doença”, destacou André Longo.
De acordo com os dados apresentados por Wanderson Oliveira, o número de casos da Covid-19 está em queda desde meados de maio, o que vem sendo sentido na rede hospitalar, com menos pedidos por leitos na Central de Regulação. Também foi neste mês que ocorreu o pico de confirmação de óbitos pela doença, seguido de uma constante diminuição nas mortes – comparativamente, no Brasil, essa queda começou a ser sentida apenas a partir de julho. O epidemiologista ainda ressaltou que, em média, a morte ocorreu em 15 dias após o início dos sintomas.
Oliveira também frisou que a positividade dos testes realizados na população pernambucana também vem caindo, saindo de mais de 60% em maio para os atuais 15%, ou seja, de cada 100 testes, 15 detectam o vírus. Essa análise leva em conta a biologia molecular (RT-PCR), que detecta o vírus em sua fase mais aguda, ou seja, no momento em que a pessoa está com maior capacidade de transmitir a doença.
“Não quer dizer que a gente está reduzindo casos e óbitos que a gente vai relaxar as medidas. Então, se preciso for, diante de alteração do cenário epidemiológico, eu vou recomendar uma medida de quarentena mais rigorosa. É importante não deixar acontecer o que vi, lamentavelmente, como aglomerações nas praias e em locais públicos. Porque a gente ainda não tem uma vacina, não tem um tratamento específico. A proteção que nós temos é a máscara, o álcool em gel, é lavar as mãos com água e sabão e evitar ter contato com pessoas que não fazem parte do meu ciclo domiciliar”, afirmou Wanderson Oliveira.
Em relação aos principais sintomas apresentados pelos pacientes, 89% tiveram dispneia e 68%, tosse, em relação aos que vieram a óbito. Nos casos em que não houve morte, 59% tiveram tosse e 6%, febre. Nos pacientes com fatores de risco para o adoecimento, os problemas cardíacos (48%) e diabetes (28%) foram os principais registrados entre os que foram a óbito. No geral, 64% dos pacientes que faleceram e 13% dos casos tinham algum fator de risco. No quesito raça e cor, o epidemiologista notou que 36% dos óbitos não tinham esse campo preenchido. “Conclamo aos profissionais que atentem para o preenchimento mais correto da ficha de notificação, para que tenhamos uma informação mais precisa”, disse.
AÇÕES EM PERNAMBUCO – O secretário André Longo elencou, no balanço, as ações de saúde realizadas pelo Governo de Pernambuco dentro do maior esforço sanitário e de mobilização de insumos, equipamentos e recursos humanos da história da Saúde Pública no Estado. Foram abertos mais de dois mil leitos para o atendimento dos pacientes, sendo mais de 900 deles leitos de UTI. Para a rede funcionar, foram mobilizados cerca de 10 mil profissionais, entre concursados, aprovados em seleções e servidores que foram recrutados para a linha de frente ou para atuar no Programa Atende em Casa.
“Para garantir a segurança desses trabalhadores, o Governo de Pernambuco tem feito um esforço permanente para manter o abastecimento e os estoques de equipamentos de proteção individual (EPIs) de todas as unidades estaduais”, afirmou André Longo, ressaltando também a ampliação permanente da capacidade de testagem do Estado. Até agora, já foram realizados quase 385 mil exames para detecção da Covid-19 em Pernambuco. Destes, quase a metade foi do tipo RT-PCR, considerado pelos especialistas como padrão ouro, por detectar a atividade viral em sua fase aguda e maior capacidade de transmissibilidade. Dentre estes exames moleculares, mais de 80% foram processados na rede pública de Saúde.
A partir de hoje, o público prioritário para realização dos testes passa a ser ampliado para todos os contatos domiciliares de casos positivos da doença, independente de apresentar sintomas. Essa medida, segundo o secretário só foi possível por conta dos vários investimentos do Governo do Estado. “No final de agosto, inauguramos o novo parque tecnológico do Lacen-PE, que vai propiciar uma revolução na virologia do nosso Estado, e conseguimos implantar, em parceria com a Univasf, em Petrolina, o primeiro laboratório no interior do Estado. Com isso, vamos ampliar a testagem, que será fundamental para trazer ainda mais segurança na retomada dos serviços e atividades”, disse o secretário.
PLANO DE CONVIVÊNCIA – A partir da queda dos indicadores da Covid-19 em Pernambuco, o Governo implantou o Plano de Convivência com a Covid-19, que nesta quinta-feira (10.09) completou 100 dias. O Plano é baseado em um conjunto de indicadores e estruturado a partir de 11 etapas, com uma matriz de risco de cinco níveis, considerando o estágio da pandemia em cada região do Estado, o risco sanitário do retorno de cada setor e a vulnerabilidade econômica de cada área.
“Até termos uma vacina que possa ser aplicada em massa na população, teremos que aprender a conviver com a doença, com cuidados e novos protocolos incorporados ao cotidiano. Continuar com a queda dos indicadores e, consequentemente, ter mais vidas salvas e novas medidas de abertura, depende apenas das nossas atitudes. Todos nós gostaríamos de voltar a uma vida normal, mas não existem condições quando se tem a circulação de um vírus que causa dor, morte e sofrimento”, explicou André Longo.
O secretário concluiu aconselhando o reforço dos hábitos de higiene e protocolos sanitários. “Lavar as mãos com frequência; usar a máscara corretamente cobrindo a boca e o nariz; e cumprir o distanciamento social, evitando aglomerações, é uma questão de compromisso e uma demonstração de cuidado com todos que estão a nossa volta”, ressaltou.
RESPIRADORES – A SES-PE recebeu mais 20 respiradores pulmonares (modelo VG-70) para auxiliar no tratamento de pacientes diagnosticados com o novo coronavírus. Os equipamentos foram doados pelo Programa Unidos contra a Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com a empresa telefônica Vivo. Já está em análise pelas áreas técnicas da SES-PE os serviços que receberão os respiradores já nos próximos dias.
Com a compra e doação de respiradores pulmonares, a Secretaria conseguiu ampliar, gradativamente, o número de leitos de terapia intensiva destinados a pacientes em estado grave da doença. “É importante destacar que os equipamentos são destinados para pacientes com quadro grave da doença, que precisam de suporte ventilatório constante. Então, os aparelhos, sejam os doados ou aqueles adquiridos pela própria Secretaria, foram essenciais para ampliação e fortalecimento da rede assistencial em Pernambuco para casos de maior complexidade”, ressalta a secretária executiva de Atenção a Saúde da SES-PE, Cristina Mota.
Os novos equipamentos serão somados aos 530 ventiladores pulmonares disponibilizados pelo Governo de Pernambuco durante a Pandemia e que já reforçam a rede estadual, passando a integrar o parque de equipamentos médico-hospitalares adquiridos pelo Estado para fortalecimento da rede hospitalar do SUS no enfrentamento da pela Covid-19. Vale acrescentar que a rede estadual contava, antes da pandemia, com 1.424 respiradores em leitos próprios e contratualizados. Levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no final de 2019, apontava que Pernambuco já tinha à época a 8ª melhor proporção de respiradores por habitantes do país, a melhor posição entre os estados do Norte/Nordeste e mais de 75% destes aparelhos já estavam na rede pública.