
Neurologista alerta para mais de 150 tipos de dores de cabeça
29 de maio de 2019Existem mais de 150 tipos de dores de cabeça. Dados da Sociedade Brasileira de Cefaleia atestam que 95% das pessoas têm dor de cabeça ao menos uma vez na vida. Sendo que as mais acometidas são as mulheres: 70% delas têm pelo menos uma vez ao mês. Os homens são 50%. Os dados também revelam que, no Brasil, 13 milhões de pessoas sofrem com o mal ao menos 15 vezes ao mês, o que caracteriza cefaleia crônica.
É por isso que, apesar do Dia Nacional de Combate à Cefaleia ser celebrado em 19 de maio, o mês de maio é todo dedicado à conscientização sobre a doença. No “Maio Bordô” da Sociedade Brasileira de Cefaleia, a campanha é intensificada para que as pessoas entendam melhor o tema e que o fato das dores de cabeça serem comuns e rotineiras não as tornam normais.
As dores de cabeça, de uma maneira geral, além de terem uma alta prevalência, acometem a população de forma indiscriminada e têm um potencial de incapacitação relevante. “Sentir dor pode ser comum, mas em hipótese alguma pode ser considerado normal. E quando essa dor se torna frequente ao ponto de incapacitar o indivíduo para as atividades laborais, familiares e sociais, é preciso um adequado tratamento”, alerta o neurologista Paulo Henrique Fonseca.
A cefaleia mais frequente de todas é a chamada cefaleia tensional; a segunda é a enxaqueca. Essa, no entanto, não é desencadeada de modo igual em todas as pessoas, ou seja, não existe um padrão. Existe a chamada episódica – que o paciente tem dor uma vez ou outra, e a crônica – que tem um comportamento diferente, quase sempre associado a fatores emocionais, alteração de humor, ansiedade, estresse, depressão, distúrbios do sono, entre outros.
O tratamento das cefaleias envolve desde questões medicamentosas à mudança no estilo de vida, a exemplo da inclusão de atividades físicas na rotina. “É importante haver um engajamento físico, emocional e comportamental em todo o processo terapêutico. Não existe o exercício físico ideal para a enxaqueca, o que existe é a recomendação formal para qualquer paciente que tenha dor crônica rompa com o sedentarismo e realize algum tipo de atividade física de que goste, que sinta prazer em fazê-la”, explica o especialista. Os principais fatores quem indicam a necessidade de um tratamento adequado para a dor de cabeça são: frequência das crises de dor, sua intensidade e o impacto por elas causado na qualidade de vida do paciente.
Para o correto diagnóstico e subsequente tratamento adequado é preciso pontuar a um especialista aspectos que vão permitir o preenchimento de critérios para cada uma das 150 dores de cabeça existentes. O abuso de analgésico (definido pelo uso de analgésicos comuns por duas ou mais vezes em uma semana) pode tornar a dor crônica e de difícil controle, dificultando o diagnóstico e tratamento e, muitas vezes, levando o paciente a desenvolver abstinência: no dia em que não toma o analgésico, sente dor. “A dor de cabeça é sobretudo uma experiência. Está associada a múltiplos fatores e cada paciente a vivencia de uma forma”, pontua o neurologista.
No entanto, vale estar atento aos mitos em torno da doença. Um frequente é de que os distúrbios de refração – a necessidade do uso dos óculos – ou a sinusite estão associados às dores de cabeça. “Nós temos bem documentado na literatura [médica] que em uma minoria dos casos estes fatores são causa de dor de cabeça”, esclarece o médico. Ele também descarta a ideia de que dores crônicas podem indicar diagnósticos graves e evidencia que nem todos os casos de cefaleia requerem tratamento farmacológico. Muitas vezes, basta a alteração de outros fatores que as geram. “As cefaleias secundárias a outras doenças, a exemplo de sinusite, tumor, aneurisma e meningite são bem menos frequentes do que as primárias, cuja dor é a própria doença”, finaliza Fonseca.