Memorial Manuel Eudócio será inaugurado nesta segunda (13) no Alto do Moura

12 de fevereiro de 2017 0 Por blogem
Nesta segunda (13) Caruaru ganha mais um espaço
dedicado ao registro das artes figurativas do barro: o Memorial Manuel Eudócio.
Localizado no Alto do Moura, o memorial irá ocupar o mesmo local onde
funcionava o ateliê do artista, que morreu há exatamente um ano, aos 85. O
público passará a ter acesso ao acervo de mais de 100 peças que farão parte da
exposição permanente do artesão que foi o primeiro discípulo do Mestre
Vitalino.
As últimas esculturas produzidas por Manuel e que
estavam à venda no ateliê quando ele era vivo, agora passarão a integrar a
coleção do memorial, junto com outras obras inéditas produzidas por ele. Esses
trabalhos figuram as mais diversas cenas do cotidiano interiorano, como as
obras intituladas de Casamento Matuto, Lampião e Maria Bonita, Casamento na
Polícia e Almoço de Casamento. Isso sem falar nas figuras do Reisado
representadas pela obra Bumba Meu Boi, composta por 28 personagens, que Eudocio
chegou a fazer em série. Esta obra se transformou em uma das mais representativas
do artista, compondo inclusive, coleções particulares e acervos de museus
importantes.
A ideia do memorial vinha sendo discutida há muitos
anos pelo próprio Manuel Eudócio, que chegou a produzir algumas peças para
deixar como legado para as gerações futuras, segundo Ademilson Eudócio, filho
do artista que seguiu a profissão do pai. 
Release Família Manuel Eudócio
Mestre Manuel Eudócio é considerado um “cronista de
seu tempo” por narrar o cotidiano do povo pernambucano. Ele nasceu no Alto do
Moura em 28 de janeiro de 1931 e morreu no dia 13 de fevereiro de 2016, aos 85
anos. Um dia antes de morrer ele estava terminando o que seria sua última
escultura: uma mulher moendo milho. Até então, o artista estava em plena
atividade, retratando imagens e costumes do cotidiano nordestino. Manuel
Eudocio é um dos ícones da arte figurativa da região.
Como a maioria das crianças do local, aos 8 anos
começou a modelar seus próprios brinquedos. Com a morte prematura da mãe,
Manuel foi criado pela avó materna, dona Tereza Maria da Conceição, que era
“louceira” e foi com ela que ele iniciou a atividade artística, vendendo
algumas peças de produção própria nas feiras livres.
Conta Seu Manuel que em 1948 começou efetivamente
sua vida de artesão e já com influência de Vitalino, que o apoiava
principalmente na comercialização das peças. Na época, os dois saiam caminhando
do Alto do Moura com os balaios nas cabeças, repletos de peças para vender. E
assim mantinham suas famílias.
Em 1955 casou-se com Maria Luzinete Rodrigues Silva
e juntos tiveram 9 filhos, dos quais 5 são artesãos: Luiz Carlos, Silvano,
Adjaelson, Adenildo, Marcos e Elizabete, a única das mulheres que se dedica a
pintar as peças.
Manuel Eudócio é criador de obras completas com
diversos personagens, entre elas se destaca Maracatu, composta por 22 peças.
Tem também o conjunto do Bumba meu Boi, com 28 personagens, Festa de Casamento
com 17, Carrossel com 13, o Caminhão de Pau De Arara com 18 além de A Ceia de
Lampião, O Casamento do Boi Manso e tantas outras obras que o próprio Manuel
não deixou registradas.
Apesar da convivência com outros grandes mestres,
como Vitalino e Zé Caboclo, Manuel Eudócio soube criar um estilo próprio, que
sempre ressaltou a criatividade e originalidade do artista, na representação
dos elementos do folclore pernambucano.
Suas peças compõem coleções particulares e acervos
de importantes museus. Em maio de 2002, Manuel Eudócio foi escolhido Patrimônio
Vivo de Pernambuco, através da Lei Estadual nº 12.196.
Pesquisa: Josy Cristina