
Adultização em debate: qual é o papel da escola na infância e adolescência?
3 de setembro de 2025_Colégio GGE aposta em práticas pedagógicas que valorizam o brincar e respeitam o tempo de cada fase do desenvolvimento_
A discussão sobre a adultização de crianças e adolescentes ganhou espaço nas últimas semanas após o influenciador Felca levantar o tema em suas redes sociais. A repercussão foi imediata: milhares de comentários de pais, professores e especialistas mostraram que a preocupação não é isolada. O termo se refere ao processo em que crianças e jovens passam a ser expostos a pressões estéticas, padrões de consumo, responsabilidades desproporcionais à idade e até à sexualização precoce. Um debate que antes estava restrito ao campo acadêmico e a alguns fóruns de educação, agora se tornou público e urgente. O Colégio GGE tem trazido o tema para dentro do ambiente escolar como forma de estimular uma formação integral que respeite o tempo de cada fase da vida.
O cenário se torna ainda mais relevante diante de dados inéditos divulgados pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br). O levantamento mostra que, entre 2015 e 2024, o acesso à Internet entre crianças brasileiras de até 8 anos cresceu de forma expressiva: na faixa de 0 a 2 anos, os usuários passaram de 9% para 44%; entre 3 e 5 anos, de 26% para 71%; e entre 6 e 8 anos, de 41% para 82%. Também houve aumento no número de crianças com celular próprio: de 6% para 20% entre 3 e 5 anos e de 18% para 36% entre 6 e 8 anos.
Diante desse contexto, o GGE aposta em atividades que reforçam o direito de viver plenamente cada fase da vida escolar. Entre os exemplos estão as aulas de Psicomotricidade, que fortalecem o equilíbrio, a coordenação e a autonomia de forma lúdica, e os módulos de Atividades de Vida Diária (AVD), voltados para a Educação Infantil, em que as crianças aprendem de maneira leve a lidar com pequenas responsabilidades, como organizar materiais, compreender rotinas e desenvolver noções de autocuidado.
“Mais do que ensinar conteúdos curriculares, é no ambiente escolar que crianças e adolescentes encontram espaço para o desenvolvimento integral, que valoriza o brincar, a socialização e a experimentação sem pressões típicas do mundo adulto. Um exemplo está na restrição ao uso de celulares dentro das instituições, prevista em lei nacional. Ao limitar os aparelhos, o espaço escolar se torna um refúgio contra a hiperexposição digital e um incentivo à convivência, ao jogo simbólico e às interações presenciais”, explica Carolina Monteiro, coordenadora pedagógica do Colégio GGE.
Outro eixo de atuação é a ênfase no brincar e na ludicidade. O GGE mantém projetos que estimulam a experimentação, as rodas de conversa e oficinas criativas, valorizando a convivência entre os alunos. Além disso, a alimentação saudável é trabalhada como parte da proposta pedagógica: crianças têm aulas de Educação Nutricional desde cedo, e no Ensino Fundamental o tema continua com projetos específicos e cantinas que oferecem opções equilibradas.
Para os educadores, iniciativas como essas cumprem dupla função: resgatar a infância em sua plenitude e preparar os estudantes para lidar com as pressões sociais e midiáticas que chegam cada vez mais cedo. “A adultização pode gerar ansiedade, baixa autoestima, dificuldades de socialização e até prejuízos cognitivos, porque a infância é um período fundamental de experimentação e de construção da identidade. É papel da escola resguardar esse tempo e oferecer um ambiente que valorize o brincar, o erro como parte do aprendizado e a convivência saudável”, explica Catarina Medeiros, psicóloga do Colégio GGE
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Fotos: Divulgação/GGE